Uma Cármen Lúcia de esperança

“Todo o estudo feito me leva a concluir que há prova nos autos de empreitada criminosa dos réus (…)”. Foi com essa frase dita hoje pela ministra do STF, Cármen Lúcia, que decidi continuar com a minha “empreitada” de escrever para não desistir da docência. Entre uma postagem e outra ao longo dos dias, vi apenas notícias terríveis no âmbito da educação: uma diretora de escola esfaqueada, uma professora que bateu na cabeça de uma criança com – veja só a ironia – livros, entre muitas outras publicações que deixam qualquer professor cada vez mais desmotivado. Sem esquecer da menina morta por colegas dentro de uma escola em Pernambuco. Mas essa trama vai para outro post.

Mas o dia de hoje aqueceu meu coração, me encheu de alegria e, sim, de muita esperança. Ver a condenação de Jair Bolsonaro e toda a sua trupe de golpistas significa mais do que a vitória da democracia: representa o repúdio a uma maneira perversa de pensar, de viver, de ver o mundo. Representa a queda do autoritarismo, do negacionismo e de tantos outros “ismos” que levaram nossas instituições às trevas. Nesta condenação a ciência venceu, a Constituição venceu, as leis venceram. E por que a frase dita por Cármen tem tanto valor? Porque ao dizer “Todo o estudo feito me leva a concluir…”, ela afirma que o conhecimento se sobrepõe a qualquer achismo barato; que estudar é absolutamente importante para a manutenção da democracia. Não havia como decidir nada sem estudar todos os pontos, sem análise, sem questionamento. Cármen Lúcia não sabe do que eu penso, mas sua fala é um sopro de esperança para nós, professores, que lutamos diariamente contra uma onda de autoritarismo e negacionismo por aí. Cármen, indiretamente, reafirma a importância do estudo para a vida de todos nós. Reafirma o papel crucial da ciência acima de opiniões políticas. E reafirma a posição de nós, mulheres, em um cenário cada vez mais hostil. Busque por informações sobre os índices de feminicídio e você entenderá a relação entre os tópicos.

Não há mais espaço para o pensamento machista que paira sobre o Brasil. Não há mais espaço para dizer que vacinas não funcionam. Não há mais espaço para anistiar criminosos. Precisamos REabrir espaço para a democracia, a tolerância, a importância do conhecimento e da educação. Professores, não desistam. Hoje, Cármen me ajudou a não desistir da docência. Grata.


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